Dos seis projetos selecionados pelo edital Matchfunding de Cultura BNDES, dois representam o Rio; a cada R$ 1 doado, o banco entrará com R$ 2.
RIO — A multicolorida Escadaria Selarón, na Lapa, e o Museu de Imagem do Inconsciente(MII), que conta com 480 mil peças no Engenho de Dentro, estão entre os seis projetos nacionais selecionados na primeira etapa do edital Matchfunding de Cultura BNDES, que visa a financiar propostas voltadas ao patrimônio cultural.
Agora, os idealizadores dos projetos precisam correr atrás de dinheiro em 60 dias a partir de setembro, através do Benfeitoria, uma plataforma de captação de verba online. Para desenvolver o projeto “Escadaria Selarón: pedaço(s) do mundo”, a Liga Independente de Guias de Turismo (Liguia) estima serem necessários R$ 45 mil. Já a meta da Sociedade de Amigos do MII é conseguir R$ 80 mil. Pelo edital, a cada R$ 1 doados, o BNDES entrará com R$ 2.
A Liguia espera que a realização das melhorias possam culminar com o tombamento permanente do Selarón. O MII, por sua vez, almeja expandir as instalações do museu com a reforma do anexo, onde funcionou um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que deve ser transformado em ateliê e espaço expositivo para visitantes.
Segundo Eurípedes Júnior, vice-presidente da Sociedade de Amigos do MII, o museu possui um acervo que começou a ser produzido por pacientes psiquiátricos como terapia. A maioria das obras são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e, de acordo com Junior, são realizadas desde 1946, época em que a doutora Nise da Silveira, que idealizou o museu, ainda era viva
— Em 1952, o acervo já era grande o suficiente para criar um museu. Há pinturas e modelagens que exploram o mundo interno desses pacientes. A maioria delas é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) — explica o vice presidente da associação, que já foi presidida pelo poeta falecido Ferreira Gullar.
Para o coordenador da Liguia, Arnaldo Bichucher, a prioridade do projeto é realizar um inventário das cerâmicas da escadaria, com a catalogação de cada peça, o que pode levar ao tombamento permanente. Também é preciso, disse Bichucher, um planejamento integrado de gestão da escadaria.
— O inventário é um primeiro passo, mas nós queríamos realizar o sonho do próprio Selarón, de criar uma fundação com o seu nome. O artista trouxe cerâmica de diversos países do mundo. Com a catalogação do mosaico, os turistas poderão descobrir quais peças vieram de seus países — conta Bichucher.
Segundo o gerente no Departamento de Educação e Cultura do BNDES, Eduardo Bizzo, com o edital, o banco pretende abranger projetos pequenos de todo o país, a partir de R$ 30 mil. Pela primeira vez, o engajamento da sociedade através de plataformas de financiamento coletivo é priorizado.
— Essa iniciativa novadora de diversas porque busca estruturar e testar um mecanismo em que a sociedade participa como parceira do banco — afirma Bizzo.
Fonte: Jornal O Globo